III - Entre orações, propostas e mentiras

--Olá, Marie! -- cumprimentou Yoshio cordialmente, puxando uma cadeirapara que a dama sentasse -- É um prazer revê-la.
Havia passado apenas dois dias desde seu último e primeiro encontro com ela. Nesse meio tempo, os tr~es viram e reviram o material necessário para conseguirem um bom plano. Obviamente fora Matsue quem listara o que seria preciso. Depois de uma breve revisão, resolveram deixar certos detalhes por conta de Yoshio.
--Ai, cherry! Adoro esse lugar! -- comentou ela forçando seu (falso) sotaque francês e despertando Yoshio de suas recordações.
--Você realmente escolheu muito bem, querida -- observou ele, chamando o garçon e acendendo dois de seus cigarros mentolados, logo em seguida entregando um deles para a dama que o acompanhava. Fizeram os pedidos. -- Bem querida, vamos aos negócios. Qual seria o prazo?
--Não aguento mais aquele velho... -- deu um trago no cigarro -- mas não arei para pensar no prazo... Você acha que consegue fazer isso em quanto tempo?
--Para algo perfeito, no mínimo oito meses. -- Havia combinado com as garotas que conseguiria um prazo longo.
--Tudo isso?! -- indagou-se ela, tomando um gole da bebida que chegara há pouco.
--...a menos que queira assumir a responsabilidade de passos apressados... -- completou o homem, tragando o cigarro, o olhar frio e penetrante mirando os olhos da mulher, um sorriso sádico brincando em seus lábios.
Num misto de susto, irritação, orgulho ferido e nervosismo, a contratante deu sua resposta:
--De forma alguma.
--Oito meses então... -- disse ele apagando o cigarro e dando um gole em sua bebida -- Agora, o que preciso...
--Diga. -- sua resposta seca deixava Yoshio num clima ainda mais confortável.
--Apenas a rotina e o testamento dele. Aliás... quanto do testamento dele será meu, depois de concluído o serviço?
--25%.
--E como eu posso saber que vale a pena?
--Trago-lhe amanhã uma cópia do testamento, se quiser...
--Ótimo. Aproveite e me traga também uma planta da casa, além de um laudo médico e de uma cópia da agenda de seu marido. Assim, se eu aceitar, não perderei tempo.
--É impossível conseguir sua agenda. Fica sob a proteção de sua secretária, Marisa.
--Tudo bem, então. Traga todo o restante. Nos encontramos aqui, nessas mesmas circunstâncias, amanhã. Agora vou indo. -- e com uma piscadela, Yoshio deixou uma nota de 100 sobre a mesa e foi embora.
Nessa mesma noite, as meninas não estavam, como de costume, no quarto de Mitsuru. Vestidas, respeitosamente, de preto, tiravam os sapatos na porta de um templo: era aniversário de morte da Senhora Shinohana. Acenderam incenso, fizeram algumas orações. Foram embora.
Andando, em silêncio, ambas rememoravam suas curtas preces:
"Tia Shinohana, você foi uma mulher legal e adimirável... nossa... já faz tanto tempo... bem... espero que esteja descansando em paz, nessa monotonia que deve ser a vida após a morte."
"Mãe, talvez eu não tenho sido uma boa filha... mais que isso, talvez você não se orgulhe da empreitada na qual me meti. Espero que descanse em paz, esteja onde estiver, e me perdôe. Como essa pode ser minha última visita aqui, adeus."
Tanto uma quanto outra sabiam que, numa noite bonita e fria como aquela, não valia a pena voltar imediatamente para suas casas. Por isso, foram andando calmamente, na direção de um bar que, sabiam, estava completamente vazio àquela hora.

Olhando para o relógio, Yoshio lembrou-se de algo importante: o aniversário de morte da Tia Hana-chan. Mudando a direção de seus passos, seguiu na direção de um templo qualquer. Assim como das garotas, sua oração foi rápida, apenas um "desculpe o atraso e descanse em paz". Pouco tempo depois de sair, seu celular tocou. Adivinhando ser sua mãe, atendeu com uma voz doce e macia:
--Olá, querida!
--Filho? Já está tarde. Você não vem para o jantar?
--Desculpa, mamãe, esqueci de te avisar, mas estou indo ao templo, orar pela alma da falecida senhora Shinohana.
--Meu Deus! É hoje? Desculpa, filho...
--Não me espere chegar hoje, tá? Ainda vou consolar a Matsue... você sabe como ela fica nessas datas...
--Compreendo, meu querido. Mas tente não chegar muito tarde. Te amo, filho. Beijos.
--Também, querida. Tchau.
Enquanto guardava o celular no bolso interno de seu casaco, relembrou das inúmeras vezes que a desculpa "a Matsue é uma manteiga derretida" havia funcionado. Rindo sozinho, parou na praça mais próxima. Encostado sob a densa copa de uma árvore, sorriu ao sentir o cheiro forte de chuva que o vento carregava consigo. Fechou os dois últimos botões de seu agasalho e acendeu um cigarro mentolado.
Não fazia idéia do tempo que passara naquela praça, chegou em casa depois das três. Os quartos de suas 'irmãs' ainda estavam desertos, reparou. O sorriso sarcástico sempre brincando nos lábios.

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Nossa...demorei paaaakas pra postar... mas agora tah aí! =D
Nyum... eh isso ^.^

Ja ne!
o/

II - Palavras que mudam o dia.

Horas de cômicos assuntos passaram. Horas e horas até a achegada do "Terceiro membro do trio de três" (a primeira era Mitsuru, por ter juntado-os). O homem, como sempre, entrara sem bater e sentara-se confortavelmente na poltrona rosa-chiclete.
Com umj sorriso enigmático, começou a falar de seu dia?
--Trago boas novas...Não! Trago ótimas, excelentes novas!!
--Do que você tá falando, Ero-nii? --perguntou Mitsuru, visivelmente interessada, enquanto arremessava uma almofada na cabeça de seu interlocutor.
--Quem sabe se você parar de interrompê-lo nós consigamos saber, né... --comentou Matsue, rindo.
--Ok, ok... --respondeu ela, derrotada.
-- Bem... como eu estava dizendo, trago ótimas novas!
Com essa frase, Yoshio começopu a contar como conhecera uma belíssima loira, vestindo um justo vestido vermelho, saltos agulha, microbolsa da cor dos sapatos, maquiagem em excesso, que aparentemente andava perdida por um lugar que, além de não combinar em nada com ela, ainda que sua imagem ali perdida fosse sexy, não era o melhor lugar para se perder. Havia encontrado-a por acaso. Um acaso perfeito.
--O que uma mulher dessas estava fazendo por lá? --indagou Himeko --Queria matar o marido velhote?
--Exatamente! Sua psicologia aplicada nunca falha... --respondeu ele sorrindo --Então comentei que talvez eu conhecesse duas pessoas que executariam a tarefa com facilidade.
--E encontrou? --perguntou Shinohana, pouco empolgada.
--Estou olhando para elas... --a resposta que a garota obteve, somada ao sorriso sádico de seu interlocutor, tinha um ar mais sombrio que o normal, ar que ambas as garotas, diferente do que aparentavam, sentiam-se confortáveis em respirar --Vocês topam?!
--Por mim, tudo bem, ando meio entediada mesmo. -- falou Mitsuru, tal resposta não combinava com a aparência, mas este é o traço mais marcante de sua personalidade, ainda que essa sua verdadeira face muito poucos conheçam.
--Maa-chan?
--Ah...tah....beleza. --disse ela por fim. Apesar de não aparentar, ambos sabiam que ela estava extremamente interessada.
--Que bom, sabia que vocês topariam. --disse o único homem do recinto, discando um número no celular. --Marie? --disse -- Oi! É o Kawakami Yoshio...
--Kawakami? Que porra de nome é esse?? --disse Mitsuru rindo alto.
--Shh! To no celular, Katashiro!!
--Ah...mals. -- respondeu ela, com cara de inocente, rindo mais alto ainda. --Hey!! Também quero ouvir!! --disse a moça num sussurro BEM audível.
--Ok, vou por no viva-voz. --disse ele sem emitir som algum.
"...então, Cherry, precisa de alguma coisa?"
--Que sotaque mais falso! --comentou Matsue num tom inaudível. Mitsuru assentiu, silenciosamente.
--Vou ver se preciso de algo... --disse o homem tentando disfarçar a bagunça do quarto e desligando o viva-voz. --Assim que conseguir te ligo. Ah! Vamos nos encontrar depois de amanhã. Você escolhe o lugar... sim! É seu bar favorito? Entendo... também gosto dele. Por mim, está ótimo. O quê? Claro que é para tratar de negócios! Até lá.
Sequer passara cicno minutos quando o irritante-porém-feliz toque do celular de Yoshio soou.
--Mãe? Jantar? Ok... --sua cara de peixe morto era quase cômica --Já estou indo. Beijos, querida. Tchau.
Yoshio jah tinha uma das mãos sobre a maçaneta da porta do quarto quando ouviu o comentário sempre sincero, ainda que às vezes indigesto, de Matsue:
--O nome dessa metida a lady deve ser Maria... --Com essa frase, despediram-se, rindo despreocupadamente.

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Novamente, demorei demaaaais para postar...
^^"
Então, dessa vez, decidi não colocar uma data para o proximo post... quando der eu posto
^^""

Eh isso.

Ja ne
o/






I - Um dia como outro qualquer

Eram 4h20 da manhã quando o despertador tocou. Uma mão mole tateou o criado-mudo e desligou a fonte do irritante barulho. "Não aguento mais essa vida", pensou, sonolento. Levantou e, ainda tateando, chegou ao banheiro.Nessa mesma hora, duas casas à esquerda, uma mulher terminava de prender seus longos cabelos e começava a procurar algo no mar de coisas que era seu guarda-roupas. No sobrado à frente do quarto de Yoshio, que a essa hora já descia para tomar café, uma segunda mulher dormia a sono solto.
"É... fingir que ainda estou fazendo medicina é um saco, mas se eu não faço isso meu velho cai de pau em cima de mim. A velha, então..." Seus devaneios, enquanto tomava café, iam bem longe. Há mais ou menos três anos, oito meses após ser aprovado na melhor faculdade de medicina da região, trancara a matrícula por achar o curso entediante demais. "Pelo menos encontrei minha vocação. Aquela espelunca não foi de todo inútil" pensando nisso, saiu de casa.
Poucos passos dali, avistou exatamente o que esperava ver: um longo rabo de cavalo se movimentando freneticamente, entrando e saindo do seu campo de visão. Assoviou alto, sem se importar com o horario e com os vizinhos. O rabo de cavalo parou, como esperado. A garota, de rosto inocente e que aparentava ser mais jovem do que realmente era, apesar de seu físico, virou-se e, com um largo sorriso, abriu a vidraça e gritou:
--Ero-nii-chaaaaaann!!
Meio sem reação, o homem apenas acenou de volta.
--Sobe aí!-- gritou ela, saindo de onde as vistas de seu nii-cahn alcançavam para, em poucos segundos, aparecer abrindo a porta de entrada da imponente casa onde morava.
--Mas... mas...-- sendo puxado para dentro da casa, cansou de resistir a começou a acompanhar a garota --Hey, hey, Himeko, você não deveria estar treinando?
--Hoje vou ter uma ajudinha especial né?-- falou rindo, enquanto o fitava com um olhar insinuante.
--Quem?-- respondeu ele, fazendo-se de desentendido.
--Hah. Para de enrolar, Ero-oyaji!
--Mitsuru Katashirou, sou seis anos mais velho que você e exijo respeito! Pare de me chamar de perva!-- disse, com um tom falso de irritação.
Subiram as escadas e entraram num cômodo que ocupava quase todo o último andar da casa. A ampla sala tionha quase todo seu piso forrado por um tatame verde-água, contava com ótima iluminação e ventilação de mesmo nível. Na parede, perto da porta, jazia um velho armário, antes brilhante a abarrotado de apetrechos, agora apenas um lugar para guardar os sapatos, durante as muitas horas que a garota passava lá.
--Mii, não tô afim...
--Ah, nii-chan...o-ne-ga-i...
--No way! Eu...tenho muito o que fazer, e tenho que permanecer em bom estado. Toda vez que venho aqui acabo com vários hematomas...
--Okay-- respondeu ela, visivelmente desapontada.
Horas passaram sem que Mitsuru desse trégua aos sacos de areia e outros instrumentos que haviam espalhados pelo tatame, antigos habitantes daquele armário velho.
--Himeko, esse lugar aqui virou uma zona desde que sua velha parou de dar aulas, hein...
--Cala a boca, Ero-kun.
O moço já tinha uma resposta formulada, mas assim que abriu a boca para proferi-la, foi interrompido pelo toque de seu celular. Era o despertador.
--Bai, Himezinha, tenho amis o que fazer.
--Huh...ir fazer seus negocinhos sujos?-- a pergunta, de tom irônico, em nada combinava com a garota de olhar sereno e determinado --Nada contra, afinal é grana fácil... o olhar inocente lançado na direção de Yoshio apenas acentuava o cinismo na voz.
--Você não perde uma, hein... não mudou nada desde que nos conhecemos. Tchau. -- encerrou, sorrindo.
A quase mestra viu seu melhor amigo sair de sua casa e gritou, sem se preocupar com o horário, sabia ela que já não estava tão cedo:
--Chama a Maa-chan, pleeeease!!
Colocando o chapéu na cabeça, o jovem assentiu, sem olhar para a garota.

Não havia passado muito tempo desde que falara pela última vez com o filho única da família Ishigeki, contudo Mitsuru não se supreendeu ao ouvir as características três batidas leves na porta. Com um largo sorriso e um "Entre Maa-chan" viu que suas expectativas foram atendidas, ou melhor, excedidas: a moça trazia uma bandeja meticulosamentre arrumada.A jovem, de nome Matsue Shinohana, entrou, tirou os sapatos, abriu espaço entre as bugigangas que estavam sobre o tatame e colocou a bandeja ali. As duas mulheres se sentaram no chão e começaram um diálogo descontraido:
--Hoje o Ero-cii-chan veio aqui...
--Eu sei, afinal ele só me acorda essa hora quando você pede.-- respondeu, fingindo mau-humor.
--Nhai-- espreguiçou-se Mitsuru --Vou parar por hoje.
--Quanta determinação, hein, sua samurai fajuta.-- riu Matsue.
--Hey! Eu tô treinando desde as quatro e pouco da manhã! Agora são dez e meia!! Não tá bom não?!
--Ok...ok... te dou um desconto... mas...
--Mas?!-- perguntou a hime, já adivinhando a resposta.
--Vamos arrumar isso hoje!-- falou Shinohana, com umn sorriso animado e um olhar enérgico.
--Acho que minha mãe tá me chamando...-- murmurou a outra, andando rápido em direção à porta.
PÁ! Mitsuru caiu no tatame, inerte diante do galo que sejá-lá-o-quê lhe causara.
--Maa-chan... isso é golpe baixo...
--Hahahahahaha... se não for assim, você não ajuda...
As próximas duas horas passaram com a dupla de melhores amigas arrumando a sala, rindo e conversando inutilidades. Quando o relógio soou 13 horas, elas pararam, esgotadas. As tímidas batidas na porta que se sucederam, para elas foram como a salvação divina: estavam famintas.
Desceram as escadas até a elegante sala de jantar, onde estavam reunidos os irmãos mais velho e mais novo, a mãe e algumas empregadas. As mulheres se sentaram na outra ponta da longa mesa e sequer foram notadas. Comeram rápido e foram para o quarto da Mitsuru mais rápido ainda.
Mal havia passado 5 minutos desde a chegada delas no quarto, ouviram as mesmas tímidas batidas na porta.
--Entra aí, Esperanza!
--Com licença, trouxe-lhes a sobremesa.-- disse a empregada de meia-idade, já se retirando.
--Hey, Esperanza!
--Oi?
--Por que você ainda trabalha com a gente? É inteligente, prestativa, simpática, tão precisando de gente assim no mercado...
--Porque minha idade já está meio avançada. Além disso, tenho muita afeição à senhora e desde que as pessoas daqui apagaram sua presença da vida delas, apenas eu zelo por ti.
--Hahahaha... então, quando eu me mudar, você vai junto.
--Ficarei lisonjeada quando esse dia chegar. Agora vou indo.-- disse a sorridente senhora, saindo do quarto.
Sentadas na cama de Mitsuru, as garotas comeram a deliciosa sobremesa, silenciosamente compartilhando a sensação de que a mudança, não só de casa, mas de vida, estava cada vez mais próxima, sem imaginar que começara assim que Yoshio, naquele mesmo instante, puxava assunto com uma linda e rica mulher, vestida de vermelho.
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Nham... no final demorei beeem mais que uma semana para postar... x_x
mãããss... semana que vem(?) eu posto o capítulo II!! mesmo mesmo... *-*d
Espero que tenham curtido... ^.^
Matta ne
o//

Yoo \o\
Aqui eh a Mikami!!
Inaugurando o blog que daqui a uma semana, vai publicar(?) a historia das Almas Entediadas...Um trio de amigos que, por não ter nada de interessante pra fazer, resolvem se tornar assassinos de aluguel. Grande parte dos personagens foram criados com base nas pessoas ao meu redor... tentei manter o máááximo de semelhança com o real (no caso das personalidades), tomara que eu tenha conseguido.
Pretendo postar um capítulo por semana... depois eu vejo em que dia fica melhor pros meus horarios... ^.~
É soh.
Sayounara o/
<3
PS: se começar a enrolar demais, for god's sake, me avisam, que ai eu dou uma acelerada na historia xD~